domingo, 30 de maio de 2010

Marina cresce e desaparece.




Por Francisco Barreira *

Enquanto a candidatura Serra derrete, Marina vai engordando com as sobras do tucano derramadas pelo caminho. Mas quem é está nova política conservadora?

Ruim para Serra, bom para Marina. A candidata verde que adotou como estratégia ir comendo pelas beiradas os votos de classe média do tucano, só teve, neste final de semana razões para comemorar. Ela atingiu, nas pesquisas, a marca de 18 % no Rio e 16% em Brasília, exatamente as duas cidades que, por suas características representam, na vontade de seus eleitores, a tendência do eleitorado de todo País. E claro que ela conseguiu isto ao custo de ficar cada vez mais distante de Chico Mendes e cada vez mais próxima de Al Gore. O primeiro sabia que não há salvação ecológica dentro do regime de exploração capitalista. O segundo tenta nos vender a farsa de que isto é possível.

Há muitos casos de políticos brasileiros que, nascidos na extrema esquerda, transitaram para o centro e, na sequência, bateram na extrema direita ou quase. Os exemplos emblemáticos são os de Carlos Lacerda e Fernando Henrique Cardoso. Serra é outro exemplo, mas não está entre os mais importantes desse ranking. O fenômeno mais vertiginoso e extraordinário é, sem dúvida, o de Martina Silva. Em poucos meses ela evoluiu de uma posição que era considerada esquerdista dentro do próprio PT, para um posicionamento ideológico absolutamente compatível com o de Míriam Leitão convertida, hoje, em um de seus seu principais cabos eleitorais.

A História nos mostra, desde o socialista Mussolini na Itália, que este fenômeno de conversão é irreversível e cumulativo. Quando se envereda por ele, ocorre uma síndrome comum aos cristãos novos que consiste em precisar estar provando continuamente que sua adesão é sincera, o que os leva, quase sempre, a ficarem mais realistas que o rei. No caso, Sua Majestade El Rei Mercado.

O mais importante, contudo, é notar que tudo isto está acontecendo porque, em função da Grande Crise Norteamericana , ruíram os paradigmas neoliberais. Ou seja, o eixo ideológico flexionou para a esquerda. Percebendo isso, Lula espertamente aproveitou a onda e demarcou plebiscitariamente a eleição, reintroduzindo a questão ideológica (nacionalismo econômico, tamanho do estado, etc.) no discurso político.



Serra e Marina seguem a orientação de seus marqueteiros que são espertinhos, porém redondos analfabetos políticos. Resultado: ambos vão ficar dividido o prato frio do discurso pequeno burguês (vide a cafajeste agressão de Serra à Bolívia) e darão com os burros n’água.



(*)Jornalista. Economia, sociologia e meio ambiente. Foi correspondente da Folha de SP em Buenos Aires. Autor do livro “O Impasse Ecológico”.

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