Um dia depois de o movimento gay comprar briga com a Igreja católica ao utilizar modelos seminus caracterizados como santos na parada do Orgulho LGBT em São Paulo, Myrian Rios, ex-atriz, militante católica e deputada estadual pelo PDT do Rio, saltou para a lista de temas mais discutidos do Twitter em todo o mundo graças a um vídeo em que aparece fazendo um duro ataque ao homossexualismo. E já provocou a ira do movimento gay, que promete recorrer à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Myrian discursou em plenário no dia 21, quando a Alerj votava a PEC 23/2007, que incluía a orientação sexual entre as características pelas quais um cidadão não poderia ser discriminado – a proposta não foi votada por falta quórum e deve voltar à pauta em agosto. A deputada, que milita no movimento de Renovação Carismática, subiu à tribuna e atacou o projeto, exigindo o direito de demitir um “motorista gay”. “Se eu contrato um motorista homossexual, e ele tentar, de uma maneira ou outra, bolinar meu filho, eu não posso demiti-lo. Eu quero a lei para demitir sim, para mostrar que minha orientação sexual é outra”, afirmou Myrian no discurso. “Eu na minha casa, eu tenho primos e familiares lésbicas e homens homossexuais. O que eu posso fazer? São pessoas íntimas da minha família, que eu respeito, que eu amo, oro, rezo, clamo e vou fazer o que? É a opção sexual deles. Agora não os desrespeito, não sou preconceituosa, não deixo de conversar com eles, não deixo de amá-los como seres humanos e filhos de Deus. Mas não vou permitir que por uma desculpa de querer proteger ou para que se acabe com a violência e a homofobia, a gente abra uma porta para a pedofilia.” O vídeo foi parar no YouTube e já teve mais de 11 mil acessos. A repercussão no Twitter também foi grande, lançando a deputada para a lista de dez “trends” mais discutidos no mundo.
A reação da comunidade gay não demorou. Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), disse a entidade vai analisar o teor do discurso e encaminhar o caso à Comissão de Ética da Alerj. - Ainda não ouvi o discurso todo, mas os trechos de que tomei conhecimento têm um teor fundamentalista. Ela faz parte de uma religião que já queimou gays na fogueira. Hoje ela quer queimar nossos direitos incentivando a discriminação. Fico triste, pois gostava do trabalho dela como atriz. Aliás, ela trabalhou com muitos gays na TV. Esperava que tivesse a mente mais aberta – disse ele. O presidente da ABGLT, porém, minimizou a reação da Igreja à utilização de santos na parada gay de São Paulo. Segundo Toni Reis, o caso foi mais “de criatividade que desrespeito”.
A deputada Myrian Rios, por meio de sua assessoria, divulgou nota em que nega ter vinculado o homossexualismo à pedofilia e condenou a violência contra homossexuais, mas reiterou sua oposição à PEC 23/2007. Leia a seguir a íntegra da nota: “Iniciei meu discurso de 21 de junho na tribuna da Alerj relatando a minha condição de católica, missionária consagrada da comunidade Canção Nova e, como tal, eu prego o respeito, o amor ao próximo, o perdão. Destaco que Deus ama a todas as pessoas, pois Ele não faz diferenciação. Em um dos trechos, afirmo: não sou preconceituosa e não descrimino. “Repudio veementemente o pedófilo e jamais tive a intenção de igualar esse criminoso com o homossexualismo. Se entenderam desta maneira, peço desculpas. Conto na minha família com parentes e amigos homossexuais e os amo, respeito como seres humanos e filhos de Deus. Da mesma forma repudio a agressão aos homossexuais, pois nada justifica tamanha violência. “Votei contra a PEC-23 por minhas convicções e não contra este ou aquele segmento de determinada orientação sexual. Myriam Rios Dep. estadual PDT”
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