No dia em que vários países celebram o combate à homofobia, 17 de maio, a empresa de cosméticos L´Oréal promoveu em São Paulo uma mesa redonda sobre o estigma relacionado à aids. O debate trouxe vários exemplos sobre como a aversão às lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) se tornam obstáculos para o combate do HIV.
“Aqueles que se sentem discriminados tendem a procurar menos os serviços de saúde”, explica o gerente da área de Direitos Humanos, Risco e Vulnerabilidade do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Gil Casimiro (foto).
Segundo ele, a homofobia tem relação direta com a epidemia de aids. “A exclusão traz vulnerabilidade. E a homofobia é a exclusão da população LGBT”, ressaltou.
Dados epidemiológicos mostram que de cada 100 mil heterossexuais, 19,4 têm aids; mas de cada 100 mil gays, 226,5 têm a doença.
Cazu Barroz, da Federação de Bandeirante do Brasil, acredita que há mais preconceito contra os homossexuais do que contra as pessoas com HIV. “Quando fui discriminado, as ofensas não eram em relação à aids. Os agressores diziam que eu tinha HIV porque era gay e drogado”, comentou.
Em 2009, Cazu participou da campanha contra a aids do Ministério da Saúde, cujo slogan foi “Viver com Aids é possivel, com o preconceito não”. Ironicamente, ele foi reconhecido por dois rapazes e uma mulher dentro de um ônibus no Rio de Janeiro e chamado de “viado aidético”. Ele registrou boletim de ocorrência na 12ª DP em Copacabana.
O debate promovido pela L´Oréal com apoio da Unesco (Organização das Nações Unidos para a Educação, a Ciência e a Cultura) se enquadra nas atividades que marcam os 10 anos da campanha Cabeleireiros contra Aids.
Participaram também da mesa redonda intermediada pela gerente de comunicação da L´Oréal, Mariana Ruiz; a assessora de comunicação da Unesco, Ana Lucia Guimarães; Wanderley Estrella, estilista capilar do salão Helio Diff de Brasília; e Simone Nogueira, da comunicação corporativa da L´Oréal.
Histórico da Campanha Cabeleireiros contra Aids
A capanha de educação preventiva contra as DST/aids promovida pela L´Oréal começou em 2001 na África do Sul, mas foi lançada mundialmente, em 2005, com a assinatura, em Paris, de um acordo entre a presidência da L’Oréal Divisão de Produtos Profissionais e a UNESCO.
O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à campanha, em 2006, tendo o apoio do Ministério da Saúde. Para a campanha nacional, foi desenvolvido também o Calendário Cabeleireiros Contra Aids. O projeto conta com 12 fotos assinadas por fotógrafos de moda. Cada mês é ilustrado por uma artista diferente e por uma mensagem de prevenção ao HIV/aids. Com o slogan “Quem cuida da beleza, cuida da saúde”, os famosos vestem a camisa da campanha, criada especialmente pelo estilista Carlos Tufvesson. Toda a venda do calendário, que custa R$10 por unidade, é revertida para a Sociedade Viva Cazuza.
Segundo estimativas da L´Oréal, 1.3 milhão de profissionais de beleza e estética foram informados sobre a campanha em todo o mundo desde 2005; e aproximadamente 500 mil cabeleireiros são treinados para serem multiplicadores do assunto a cada ano.
Até 2012, espera-se levar a campanha a 50 países, atingindo 3 milhões de profissionais de beleza.
Dia Internacional contra a Homofobia
Em 17 de maio de 1990, a Organização das Nações Unidas retirou a “homossexualidade” da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). A data é hoje usada para celebrar o Dia Internacional contra a Homofobia, aversão e ódio à população LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). No Brasil, um decreto presidencial feito em junho do ano passado incluiu o Dia Nacional de Combate à Homofobia no calendário oficial federal.
A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) convoca os ativistas de suas 237 ONGs afiliadas para a II Marcha Nacional contra a Homofobia. A manifestação será em Brasília nesta quarta-feira, 18 de maio, a partir das 9h, na Esplanada dos Ministérios, e terá como enfoque a aprovação imediata do PLC 122 que prevê punir aqueles que descriminarem pessoas em decorrência da sua raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.